Logo depois do além
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Assuntos amorosos...
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Assim miava Zaratrusta
Zaratrusta. Esse foi o nome que me deram assim que cheguei na casa, ideia do Pai, sempre metido a filósofo, sem na verdade entender nada do que ele mesmo dizia, pelo menos era isso que a Mãe sempre falava. Mas era bom sujeito, me dava as melhores carnes e guloseimas, sempre tentando me agradar, esperando um olhar ou um miado de agradecimento, o que eu nunca dava, acho que ele deveria ter comprado um cão, mas não era isso que a pequena Michelle queria, ela quis a mim, e aqui estou.
Minha vida foi difícil no começo, sempre me esquivando dos braços e abraços que a Michelle insistia tanto em me dar a todo o momento, não a culpo, não querer tocar-me é quase impossível, com meus pêlos vistosos, e meu olhar meigo, tenho consciência disso e tiro proveito, quando quero deitar na poltrona do Pai, é só me espreguiçar de um jeito mais vagaroso que não há quem resista.
Sempre fui dado a uma imprudência, adoro desafios, só havia uma coisa que me incomodava, não sei explicar o porquê, mas eu nunca gostei de namorar fêmeas, até tentei durante um tempo, mas no fim não dava certo, sentia que faltava alguma coisa. Existia uma força que me impulsionava sempre a procurar outros machos, fiz um esforço colossal por muito tempo para evitar esses pensamentos, mas por fim eu cedi aos meus mais tortuosos desejos. Minha vida depois disso foi sempre incompleta, eu sou um gato que gosta de outros gatos, isso não pode ser normal. Apesar disso eu era feliz, sempre procurando coisas novas para me divertir, e sempre achando, isso era um problema às vezes.
Até que um dia eu comecei a sentir umas dores estranhas, pensei logo “vou parar de comer tanto doce, e comer mais aquela papa enlatada que a Mãe sempre tenta me dar.”, mas para o meu alivio a Michelle também percebeu meu incomodo e falou com o Pai que me levou a um lugar todo branco, com várias fotos de cachorros e gatos, me senti em casa lá, parecia um templo de devoção a mim. Um homem começou a me apalpar, eu até tava gostando, até ele falar as seguintes palavras “Tá prenha.”. Na hora fiquei gelado, gatos não ficam prenhas, só gatas! O que está acontecendo? Pude notar que o meu sentimento era compartilhado pela Michelle e pelo Pai, que rebateram ao homem insano que a pouco me apalpava, “Não é possível! Zaratrusta é macho!”. O homem insistiu e me revelou o que deveriam ter me dito a muito tempo, “Desculpa, mas o Zaratrusta é uma fêmea”. Pronto, meu mundo caiu e tudo passou a fazer sentido, todos aqueles sentimentos fizeram sentido, minha vida fez sentido.
Depois disso fui pra casa, mas tudo estava diferente. Até minhas atitudes com minha família humana mudaram, acho que não sabia lhe dar com minha condição errônea e acabava me afastando de quem me amava para esconder esse meu lado, mas agora, eles tão mais carinhosos comigo do que nunca, isso ainda me incomoda um pouco, mas pelo menos agora sou quem eu sempre quis ser.
domingo, 14 de novembro de 2010
Futilidades
Estamos sempre buscando uma coisa que está aqui, dentro da gente, mas não alcançamos e por isso procuramos no mundo, e também não encontramos lá, pois estamos cegos com tudo o que ele oferece como substituto pra esse nirvana laborioso.
Ficamos presos a preconceitos estigmatizados no nosso pensamento, e reproduzimo-los como nossa própria verdade. A necessidade de estar sempre em um lugar ideal, onde você possa ver e ser visto, sempre no seu melhor ângulo, virou exatamente isso, uma necessidade. E o pior é que o não fazer isso afeta drasticamente a vida da pessoa que assim se comporta, como se fosse uma coisa vital, e não existisse outra maneira de ser feliz, ou mesmo de existir senão se comportando dessa maneira.
O que faz a vida ser completa? Cada um possui uma resposta diferente para essa pergunta, mas o que eu questiono é se as respostas dadas vêm do pensamento reflexivo de cada um ou se é um pensamento que paira sobre nossas cabeças, de outrem, que é reproduzido surdamente e acolhido de forma cordial e surda.
Parece que cada vez mais estamos perdendo a capacidade de raciocinar criticamente sobre a nossa vida e tudo que a governa. A escala evolutiva parou, e meu medo é de que as mentes atrofiem. Recebemos tanta informação a todo o tempo, e ficamos sedados por isso, assim, perdemos nossa capacidade de sentir as coisas, sem percebe- las como únicas, sem perceber cada momento como único.
Eu nem sei se algum dia foi assim, mas o que eu vejo hoje me dá uma saudade do que eu nunca tive, mas sempre quis. Uma vida mais simples, e no entanto, mais completa e feliz, sem precisar de tanto esforço.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Tropa de Elite
Eu cansei, depois de ver tudo o que eu vi minha alma ficou pessada, brotaram lágrimas de tristeza, por todos aqueles que estão no mundo sem achar uma razão pra isso. E fico pensando, todo mundo está se mobilizando pra ir ver Tropa de Elite nos cinemas, filas e mais filas, mas alguém se importa com os seres humanos que ali estão sendo retratados? A tragédia de tantas pessoas que são vendidas em ingressos. Temos que reaprender a sermos Humanos.
sábado, 30 de outubro de 2010
Aprendendo a esperar
Parece que nunca se chega aonde se quer, sempre que penso que alcancei eu vejo que não, ainda falta algo. Mas que raio de algo é esse que eu nunca encontro?!.. o foco muda, eu sei o quanto Nitzcheano isso parece, força de potência, sempre querer mais.. okay, mas isso fica cansativo, onde fica meu porto, quando vou poder sentar, olhar ao meu redor e me sentir completa, satisfeita. Eu não sei.
Agora acho que esse questionamento perdeu o sentido, não tem como se descobrir. Com tudo isso só me resta esperar, porque não sei como, mas sempre parece que as respostas tão em algum lugar do futuro, nunca no presente, e quando esse dia chegar, nem sequer vamos nos dar conta, simplesmente acordamos um dia e descobrimos que entendemos o que antes não fazia sentido, assim, como mágica, O problema é quando esse dia não chega..